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EXORTAÇÃO APOSTÓLICA "EVANGELII GAUDIUM": UM BREVE RESUMO À LUZ DA TEOLOGIA PASTORAL



                       http://blog.cancaonova.com/amigosdoceu/files/2013/03/papa-francisco-_-tia-Adelita.jpg 

                                                                                                                                                                    “Com Jesus renasce sem cessar a alegria” (pag. 2) Assim inaugura sua encíclica, o Papa Francisco, indicando que essa seria a marca de um novo tempo para a evangelização revelando novos caminhos para o percurso da Igreja para os próximos anos. Todos se sentem acolhidos pelo convite de voltar às alegrias evangélicas, que está na busca e doação pelo outro, sobretudo o pobre, deixando de lado todo tipo de individualismo que nos cega e distancia da misericórdia.

O texto de Francisco tem a preocupação de contextualizar a expressão da alegria desde o antigo testamento até os tempos messiânicos, onde desemboca sua maior expressão em Jesus Cristo e em sua salvação. O profeta Isaías prenuncia a superabundância da alegria da salvação na pessoa do Cristo que há de vir e o saúda com regozijo «Multiplicaste a alegria, aumentaste o júbilo» ( Is. 9,2). Zacarias o recebe como o dia do Senhor e na figura de Rei que vem humilde sentado num jumento. O pontífice ressalta que é no profeta Sofonias é que o Cristo se manifesta como o centro irradiante de festa e alegria.

“Enche- me de vida reler este texto: «O Senhor, teu Deus, está no meio de ti como poderoso salvador! Ele exulta de alegria por tua causa, pelo seu amor te renovará. Ele dança e grita de alegria por tua causa» (Sf. 3,17)”. (pag. 5)

No novo testamento, mais precisamente no evangelho, onde resplandece a gloriosa cruz de Cristo, nos convida insistentemente à alegria rompendo de vez com o apego à melancolia, não necessariamente a cruz está ligada ao sofrimento e a tristeza, foi por ela que o Salvador nos arrancou a alegria eterna. Maria, através da visita do anjo Gabriel é a primeira a ter acesso ao “Alegra-te”, que posteriormente se tornará para todos os crentes as beatitudes do “sermão da montanha”, o texto ainda cita os evangelistas Lucas, João, Marcos e Mateus, e os personagens Isabel, a prima de Maria, e as diversas expressões de alegrias presentes no evangelho, bem como, a alegria do pastor de encontrar a ovelha perdida, nos Atos do Apóstolos, a alegria do Eunuco ao ser batizado dentre outros.

“Há cristãos que parecem ter escolhido viver uma Quaresma sem Páscoa.” (pag. 04).

 A alegria não é nunca uma manifestação de emoções superficiais, ela deve está bem centrada e enraizada na fé, os sofrimentos não podem nos levar ao desespero, que semanticamente significa a perda da esperança (des – esperança) nem também deve nos tirar da realidade. O papa nos conta que em toda a sua vida, presenciou experiência de pessoas encontrarem a verdadeira alegria, ainda que em meio à pobreza, da vida difícil, pessoas que entre correria pelas buscas de realizações profissionais, emocionais, e financeiras darem testemunho de uma verdadeira paz centrada na fé. 

É neste contexto que o pontífice aproveita para citar o seu predecessor, papa emérito Bento XVI, que resume a verdadeira vida em Cristo, numa belíssima frase: «Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo.» (pag. 5). Com a citada frase de Bento XVI, Francisco sentencia que somente através desse encontro que não é um evento, e sim uma pessoa, é que se pode alcançar a verdadeira felicidade, e é através dele é somos resgatados de nossa consciência isolada e egoísta e assim chegamos a ser plenamente humanos.

1.    A doce e reconfortante alegria de evangelizar

“O bem tende sempre a se comunicar.” (pag. 6) o centro da verdadeira ação evangelizadora proposta nesta encíclica está no romper-se com a com todo o isolamento e individualidade e ir ao encontro do outro, na missão. Na doação, a vida se fortalece; e se enfraquece no comodismo e no isolamento. 

“De facto, os que mais desfrutam da vida são os que deixam a segurança da margem e se apaixonam pela missão de comunicar a vida aos demais.» 4 Quando a Igreja faz apelo ao compromisso evangelizador, não faz mais do que indicar aos cristãos o verdadeiro dinamismo da realização pessoal: «Aqui descobrimos outra profunda lei da realidade: “A vida alcança-se e amadurece à medida que é entregue para dar vida aos outros.” Isto é, definitivamente, a missão.” (pag. 6)

Percebe-se que o documento quer traz a idéia de que a evangelização não é um cumprimento de deveres e obrigações, nem mesmo um missão de multiplicar adeptos à religião, é uma busca de realização, a partir do encontro com Cristo que se manifesta no outro. Só é plenamente feliz aquele que fez essa experiência de doação espontânea, consequentemente o evangelizador não pode ter uma cara de funeral, ele divulga a vida e não a morte, deve-se recuperar e aumentar o fervor de espirito, ainda que as sementes sejam semeadas entre lágrimas, na esperança da colheita entre risos e festa.

2.    A nova evangelização para a transmissão da fé
  
      O texto remete o leitor para a XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos em 2012, na ocasião refletiu-se sobre a nova evangelização para a transmissão da fé em três âmbitos:
ü       No âmbito da pastoral ordinária: Evangelização dos fiéis, O Fogo do Espirito Santo que anima
     e alcança os fiéis que participam frequentemente do culto, sem esquecer dos que não são tão frequente, mas conservam uma fé católica intensa e sincera.

ü    No âmbito do convite aos irmão separados, aqueles que são batizados, mas não vivem a exigência do batismo. Não se sentem pertencentes de forma cordial à maternidade da Igreja. Ela se esforça para devolver a alegria da fé a esses que não mais se comprometem com o evangelho.

ü         E por fim, No âmbito da pregação do evangelho aos “pagãos”, muitas aspas nesta expressão que o pontífice se recusou em usá-la, preferiu expressões mais singelas como, “os que não conhecem Cristo, ou o recusaram” esses também merecem ser evangelizados, apesar de buscarem secretamente deus em outros rostos, e vivem a nostalgia de não encontrar.

O pontífice ainda ressalta que conhecer o Evangelho de Cristo é direito de todos, e anuncia-lo ao mundo é o dever do cristão. Essa evangelização não pode nunca ser um mero proselitismo, mas um convite a um banquete, uma atração. Neste contexto a encíclica cita as palavras do então Beato João Paulo II que nos convidou a reconhecer que não devemos perder a tensão do anuncio, que é tarefa primária da Igreja. “A causa missionaria deve ser a primeira de todas as causas” (pag. 10).

O pontífice reconhece que a carta não pretende ser resposta definitiva para a missão e solução de todos os problemas existentes em todo o vasto território da Igreja, que é universal, outros problemas que não foram citados devem ser profundamente estudados e propostos por cada bispo que conhece de perto a realidade da igreja local, apesar disso, não poupou de fazer alguns apontamentos importantes de serem citados, os quais seguem relacionados:

a) A reforma da Igreja em saída missionária.
b) As tentações dos agentes pastorais.
c) A Igreja vista como a totalidade do povo de Deus que evangeliza.
d) A homilia e a sua preparação.
e) A inclusão social dos pobres.
f) A paz e o diálogo social.
g) As motivações espirituais para o compromisso missionário

Para o pontífice esses sete aspectos citados acima, não querem ser um tratado teórico, mas desenham bem o perfil do evangelizador almejado pela Igreja.


A transformação da Igreja numa Igreja missionária, esse é o grande cerne da inspiração papal para a referida encíclica, fazer constantemente a experiência do “Ide”, uma Igreja em saída de si mesmo em busca do outro. A alegria dos discípulos ao saírem na missão dos setenta e dois, culmina na alegria de pentecostes, ao ouvirem todos falarem e se entenderem numa única língua. A Igreja em saída é uma Igreja de discípulos missionários. A dinâmica evangélica da missão é encurtar distancias.

“Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à autopreservação. A reforma das estruturas, que a conversão pastoral exige, só se pode entender neste sentido: fazer com que todas elas se tornem mais missionárias, que a pastoral ordinária em todas as suas instâncias seja mais comunicativa e aberta, que coloque os agentes pastorais em atitude constante de «saída» e, assim, favoreça a resposta positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade.”

A paróquia não deve ser uma estrutura caduca que não seja aberta às novidades do dinamismo do Espirito, ela possui um plasticidade que à permite assumir diferentes formas, e isso requer a docilidade e a criatividade do pastor e da comunidade. A diversidade da Igreja é uma verdadeira primavera da nova evangelização, mas não pode jamais negar a experiência de paroquia e igreja particular.

“As outras instituições eclesiais, comunidades de base e pequenas comunidades, movimentos e outras formas de associação são uma riqueza da Igreja que o Espírito suscita para evangelizar todos os ambientes e setores. Frequentemente trazem um novo ardor evangelizador e uma capacidade de diálogo com o mundo que renovam a Igreja. Mas é muito salutar que não percam o contacto com esta realidade muito rica da paróquia local e que se integrem de bom grado na pastoral orgânica da Igreja particular”. (pag. 17

Por fim o documento apostolico chama a atenção do clero para estarem sempre abertos ao dinamismo do Espirito, que promove o movimento constante na vida da Igreja. Cada igreja particular é uma porção da Igreja Católica, sobre a condução do seu bispo, deve está ela também aberta a conversão. O bispo deve sempre favorecer a comunhão de sua Igreja diocesana com a primeira comunidade dos Atos dos Apostolos, em que os crentes tinham um só coração e uma só alma. O papa também não se isentou da necessidade de conversão, “dado que sou chamado a viver aquilo que peço que os outros vivam, devo também pensar numa conversão do papado. Compete-me como bispo de Roma, esta aberto a sugestões tendentes ao exercícios do ministério, que o torne mais fiel ao significado que Jesus Cristo pretendeu dar-lhe e às necessidades atuais da evangelização.”

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